A parte fundamental da feitura do mundo

 

Treze mulheres povoam essas páginas. Uma a uma, contam da própria trajetória para falar de muitas outras. Trazem consigo multidões por dentro e por fora. E aqui estão pelo protagonismo de fazerem das próprias vidas meio de transformação social. De lutas feministas. Do marco de novos tempos.

Originárias de 12 cidades distintas, essas mulheres fincaram bandeiras no Ceará. São de Morada Nova, Quixadá, Lavras da Mangabeira, Iracema, Flórida Paulista (SP), Marselha (Itália), Fortaleza, Caucaia, Jaguaribe, Canindé, Altaneira e Crato. Ao fim e ao cabo, é isso o que todas elas desejam: uma maneira de a humanidade sentir-se, enfim, à vontade nela própria.

Todas somos uma porque cada vida é única e, ao mesmo tempo, todo caminho, vereda ou alameda, de defesa dos direitos humanos leva a um destino comum: a vida. E viver é um verbo necessariamente diverso, assim como são múltiplas as mulheres aqui homenageadas, cujas narrativas precisam reverberar. Só assim preservaremos memória e oportunizaremos futuros.

Luma Andrade é a primeira travesti doutora do Brasil. Maria Luíza Fontenele foi a primeira mulher eleita prefeita de uma capital brasileira. Nildes Alencar integrou movimentos femininos de resistência à Ditadura. Damiana Bruno lidera um acampamento do MST. Matilde Ribeiro iniciou, como ministra, o debate sobre políticas afirmativas no país. Gabriela Pina leva acolhimento aos presídios. Katiana Pena toca um projeto social que salva vidas em uma das periferias mais estereotipadas de Fortaleza. Raimunda Tapeba conhece os saberes da terra e, por isso, a reivindica aos indígenas. Lucinaura Diógenes ressignificou a morte e oferece amparo a quem está em sofrimento psicológico. Dina Maria peitou o machismo e tornou-se vaqueira. Antônia Araújo conheceu cedo o poder revolucionário dos movimentos sociais. E Verônica e Valéria Carvalho dão cor a uma região que historicamente apagou a própria identidade.

Ouvir todas foi um exercício de escuta. Além do fato de serem mulheres, o que as une é a resistência. A transformação. O poder do conhecimento, seja ele formal ou orgânico, fruto da lida. Por isso, a equipe de Comunicação da Defensoria Pública Geral do Ceará percorreu quase 2.500 quilômetros entre Fortaleza, Limoeiro do Norte, Caucaia, Canindé, Redenção e Crato, onde elas hoje unem morada e militância, para contar todas essas histórias.

Da logística à execução, menos de três semanas transcorreram. Ao fim: mais de 17 horas gravadas de entrevistas. Vidas que tomam forma por palavras que se somam a ilustrações cujos elementos têm ligações com a natureza, repleta de energias e da resiliência feminina pela capacidade de renovação de vida.

A grandiosidade dessas histórias se multiplica neste site, com entrevistas, ensaios, vídeos e textos exclusivos, e em exposição fotográfica, especial para redes sociais e uma agenda, distribuída a defensoras, defensores, colaboradoras, colaboradores, parceiras e parceiros da DPCE. É um modo de a Defensoria reconhecer que: esteja onde estiverem, mulheres, essas e todas, são parte fundamental da feitura do mundo.