A chegada foi despretensiosa. Uma indicação informal abriu a porta que Érica Roque cruzou. Naquele tempo, sua mãe trabalhava nos serviços gerais do Fórum Clóvis Beviláqua. No entanto, sobre a Defensoria? Nunca tinha ouvido falar.
Com o tempo, aprendeu. Mais que um prédio, a Defensoria era um encontro: com histórias, pessoas e com ela mesma. Começou no setor de Almoxarifado. Ao lado de sua gestora, Dona Ivone (in memoriam), aprendeu mais do que rotinas: aprendeu sobre cuidado, sobre servir. Recebia os pedidos, separava o material e até ri ao lembrar de uma regra quase sagrada: “só pode solicitar duas resmas de papel”. A convite do defensor geral Luciano Hortêncio passou a integrar a equipe do setor de estágio onde está, neste momento em que completa 24 anos de casa. Ver estudantes entrando cheios de ânimo, mexeu com ela e percebeu que era hora de retornar aos estudos. Cresceu nela a assessora Érica, junto com a Defensoria.
Defensoria: Como foi seu primeiro dia na Defensoria? O que ficou gravado na memória?
Érica:
Já são 24 desde o primeiro dia que cheguei aqui. Naquele tempo a Defensoria estava praticamente nascendo e eu não tinha ideia do que era essa instituição. Ainda parece que foi ontem. A Defensoria estava apenas começando, quase nascendo. Não sabia exatamente o que era aquele lugar. Nunca tinha ouvido falar em Defensoria Pública. Foi ali que aprendi que se tratava de uma instituição feita para quem não podia pagar por um advogado. Um lugar onde o Direito encontrava espaço, mesmo para quem vinha com as mãos vazias.
Fui contratada como almoxarife. Dividia a sala com Dona Ivone Costa Brita, do setor de Patrimônio. A gente partilhava a sala. Dividimos o cuidado com cada detalhe do que chegava e saía. Lembro dos papéis, das caixas, das rotinas de aprendizado e descoberta. Foram sete anos ali, aprendendo o ritmo do trabalho, atendendo defensores, entendendo a instituição.
Na memória, ficou gravado aquele movimento de construção: as pessoas chegando, a Defensoria abrindo concurso, as primeiras turmas de defensores sendo formadas. Eu via tudo acontecer de dentro e percebi, aos poucos, que também ia pertencendo a ela.
Defensoria: Em que momento você sentiu que o seu trabalho fazia diferença na vida de alguém?
Érica:
Acho que fui realmente entender e sentir que meu trabalho fazia diferença na vida das pessoas com o tempo. No começo, mesmo não atuando diretamente no atendimento ao público, eu já percebia que tinha um papel importante — especialmente quando atendia os defensores com as demandas de material, compras, organização. Sentia que contribuía para o funcionamento da instituição.
Mas foi quando cheguei ao setor de Estágio que isso se tornou ainda mais claro pra mim. Passei a ter contato direto com os estudantes e, no olhar deles, via o entusiasmo, a paixão que crescia pela Defensoria Pública. Isso me tocava profundamente. Ao começar a trabalhar com os processos de seleção e admissão de novos estagiários, me senti ainda mais envolvida. Muitos chegavam para me dizer: “Érica, meu estágio acabou, mas eu quero ser defensor público, eu descobri minha vocação aqui!”
Hoje, vejo alguns desses estudantes circulando como defensores e defensoras, e me lembro de quando passaram pelas minhas mãos, lá no início. Acompanhei suas trajetórias desde a entrada. Ajudava com a lotação, ajustava o que não estava funcionando… E ver o quanto cresceram me faz sentir parte disso. Sinto que, de alguma forma, contribuí com esse caminho.
Defensoria: O que te motiva a seguir contribuindo com essa instituição?
Érica:
O que me motiva a continuar na Defensoria, depois de tantos anos, é o ambiente e, principalmente, o propósito. Aqui é um lugar bom de trabalhar. As pessoas são acessíveis, colaborativas. Claro, como em qualquer lugar, há desafios e dificuldades, mas o que realmente enche meu coração é sentir que contribuo com algo maior.
Gosto de ver o estagiário que chega meio perdido, sem muito rumo, e aos poucos vai se encontrando. À medida que o estágio avança, ele vai se descobrindo, vai percebendo suas capacidades, sua vocação. Acompanhar esse processo de transformação é algo que me toca de verdade.
Essa troca, esse crescimento que vejo acontecer com os alunos, é o que me faz querer seguir. Aqui foi meu primeiro emprego e, mesmo com o passar do tempo, nunca senti vontade de sair. A Defensoria me acolheu e me permitiu crescer junto com ela. E enquanto eu sentir que posso somar, vou continuar aqui.
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