Glaiseane Lobo Pinto De Carvalho

Assessora de Planejamento e Controle e defensora pública com atuação na Defensoria de Família

“ Desde o início, a Defensoria sempre foi a minha primeira e única opção. Sempre quis trabalhar para ajudar as pessoas e contribuir de forma concreta para transformar vidas”

Desde o início da carreira, atuar como defensora pública foi a escolha natural de Glaiseane Lobo. Inspirada pelo pai, que promovia ações comunitárias na Pavuna, em Pacatuba, ela cresceu com o desejo de contribuir de forma concreta para melhorar a vida das pessoas ao redor. Na faculdade de Direito, a decisão já estava tomada: a Defensoria seria o seu caminho. Com 12 anos de atuação na Defensoria do Ceará, Glaiseane acompanha a transformação da instituição e reforça que o impacto do trabalho está na relação direta com quem precisa de assistência. Para ela, a profissão oferece a possibilidade de efetivar mudanças reais e tangíveis na vida das pessoas.

Defensoria: O que mudou em você desde a sua primeira atuação enquanto defensora pública?

Glaiseane: Eu sou defensora pública há 12 anos. A Defensoria sempre foi a minha primeira e única opção. O que me motivou muito foi o exemplo dos meus pais, especialmente o meu pai, que sempre foi muito humano e caridoso. Cresci em comunidades extremamente carentes, onde meu pai fazia e ainda faz caridades como na comunidade da Pavuna, em Pacatuba. Eu queria poder ajudar aquelas pessoas muito mais do que eu conseguia fazer na época, e o que eu conseguia oferecer era um pouco de amor e de alimento. Sempre senti o desejo de poder contribuir mais, de alguma forma, por meio da minha profissão. Quando comecei a faculdade de Direito, já sabia que queria ser defensora pública, trabalhar para ajudar as pessoas e contribuir de forma concreta para transformar vidas, sempre com essa intenção. Nunca advoguei, nunca trabalhei em escritório, nem para pessoas mais ricas. Eu me identifico e sou feliz me sinto bem estando entre meus assistidos. O que mudou, então, foi que, desde o início, essa realidade já fazia parte da minha vida. E o que realmente mudou é que, ao me tornar defensora, eu me senti muito mais realizada, pois finalmente pude atuar de forma concreta para transformar a realidade das pessoas que sempre convivi e que tanto precisava de ajuda. Desculpa, até me emociono relembrando.

Defensoria: Há algum caso, em sua trajetória, que o marcou de forma especial?

Glaiseane: Muitos casos me tocaram profundamente, porém, alguns casos inevitavelmente nos atingem. Um que me marcou muito foi um júri em que eu tinha certeza da inocência do réu. Ele estava sendo acusado, junto com outros três amigos, de assassinar uma pessoa com uma surra, batendo com pedras e tudo. Mas tínhamos provas de que ele não estava no local do crime.Infelizmente, essa prova material que poderia ter mudado o rumo do julgamento chegou apenas três dias antes da data do júri. E, pelo Código de Processo Penal, não era possível utilizá-la. Eu tentei conversar com o promotor para ver se havia alguma possibilidade de usá-la, mas ele não concordou. O juiz também não aceitou. Infelizmente, ele foi condenado.Esse júri foi um divisor de águas na minha vida. Eu estava atuando na Defensoria do Júri, e esse caso me fez repensar minha atuação. Após esse julgamento, decidi sair e voltar para minha titularidade.

Defensoria: O que você deixa de mensagem para a próxima geração de defensores?

Glaiseane: Eu diria para nunca perderem a humanidade, nunca devemos deixar de olhar nos olhos do nosso assistido. Sempre pergunte o nome dele, se identifique, ofereça um café. Porque, muitas vezes, ele nunca teve ninguém que lhe oferecesse um café, e isso faz toda a diferença. A humanidade no atendimento é essencial para que possamos realmente fazer a diferença na vida das pessoas.

Defensoria: Se pudesse resumir sua história na instituição em uma palavra, qual seria?

Glaiseane: Concretização.

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