Eleonora Campos Basto Nogueira

Colaboradora da Central das Defensorias da Capital

“Vim do Rio de Janeiro. Tranquei meu curso de Direito já no sétimo semestre. Fortaleza se tornava minha nova casa e a Defensoria um pouco também.”

Eleonora chegou à Defensoria para trabalhar no Decai, na sede localizada na Rua Caio Cid. Com uma sólida experiência como secretária, desenvolveu um trabalho fundamental para estruturação do setor. Ao longo dos 27 anos de Defensoria Pública, fez parte dos primeiros passos do departamento e acompanha, desde então, o desenvolvimento e fortalecimento do mesmo.

Organizou rotinas, acompanhou mudanças, ajudou a firmar as bases de um departamento que hoje tem outro nome, Central das Defensorias da Capital e do Interior ou simplesmente CDC/CDI, mas que guarda, em sua essência, o trabalho de quem esteve desde o começo. Lá, permanece até hoje.

Diversos gestores já deixaram sementes importantes, colaborações singulares as quais impactaram a instituição e a vida de D. Eleonora interferindo em sua formação não só profissional, mas também pessoal. Hoje com 74 anos, traz a mesma alegria e disposição de quando chegou à instituição pela primeira vez.

Entende a essencialidade dos serviços ofertados à população cearense e se sente parte dos sorrisos de esperança que alcançam as vidas dos assistidos que recorrem à Defensoria Pública. Com simplicidade, bom humor e muitas histórias, ela compartilha um pouco da sua caminhada.

Defensoria: Como foi seu primeiro dia na Defensoria? O que ficou gravado na memória?

Eleonora:
A Defensoria estava nascendo. O grupo de colaboradores era bem pequeno. Tínhamos uns nos outros o suporte para aprendermos. Estávamos participando da estruturação de um órgão e toda aquela realidade era bastante nova. Mas, essa unidade, esse apoio marcou não só meu primeiro dia, mas minha trajetória na instituição.

É um sentimento que trago comigo nestes 27 anos de casa.
Vim do Rio de Janeiro. Tranquei meu curso de Direito já no sétimo semestre. Fortaleza se tornava minha nova casa e a Defensoria um pouco também. Passamos tanto tempo dentro do ambiente de trabalho, vamos nos sentindo pertencentes mesmo.

Quando deixei meu currículo nem tinha muita esperança que fosse dar certo, mas aí me chamaram para ser a secretária do DECAI, que atualmente é o CDI. Comecei com a defensora pública Maria Angélica. Eu era a única secretária no setor. Já tinha muita experiência na função, então não foi muito difícil acompanhar e pegar a rotina e as atividades.

A doutora Angélica também estava iniciando, então nós abrimos o DECAI. Eu e ela. Desde daí, foram vários defensores que foram meus chefes. Quando completei dez anos aqui na Defensoria, fiz uma festinha para comemorar. Adoro lembrar daquela época. Todo mundo tentando aprender e fazer aquilo dar certo.

Estou no mesmo lugar desde o primeiro dia, tendo a oportunidade de trabalhar com diversos gestores, aprender com cada um deles e acompanhar o crescimento do setor cada vez mais fortalecido. É muito gratificante!

Defensoria: Em que momento você sentiu que o seu trabalho fazia diferença na vida de alguém?

Eleonora:
Independente do setor e da atividade, acredito que cada pessoa, seja defensor público, colaborador ou estagiário, quer fazer a diferença na vida das pessoas que chegam aqui. Apesar do CDC/CDI ser um setor administrativo, inicialmente, quando ainda era Decai, a gente também fazia atendimento ao público. Na época, eu era também responsável pela elaboração dos ofícios de requisição de algum documento. A doutora Angélica era uma pessoa muito bondosa e sempre atendia muito bem as pessoas. Eu fico até emocionada quando relembro tudo. Cada defensor e defensora que passou por aqui deixou sua colaboração, seus ensinamentos e trago memórias significativas de todos.

A Defensoria é uma ponte de acesso de direitos aos mais vulneráveis. Temos a oportunidade de resgatar a alegria das pessoas que geralmente chegam aqui muito tristes para resolver seus problemas. De alguma forma a gente vai auxiliando. Têm pessoas que voltam aqui e ainda perguntam: “Dona Eleonora, a senhora ainda está aqui”. Elas lembram de mim, do meu trabalho. Para mim isso só acontece porque a gente contribuiu de alguma forma na vida daquela pessoa. E a gente vê, assim, o atendimento dos defensores, colaboradores, todos são muito humanos. Tenho muita satisfação de trabalhar aqui. Sempre gostei demais.

Defensoria: O que te motiva a seguir contribuindo com essa instituição?

Eleonora:
Já tô aposentada mas não quero parar de trabalhar. Acho que ficar dentro de casa sem fazer nada é horrível. É minha opção estar aqui e enquanto me deixarem ficar, estarei aqui. Pelo sentimento de vivacidade que o trabalho acaba dando e os vínculos já construídos.

Como a gente falou no começo, a rotina e isso tudo acaba influenciando na nossa vida pessoal de forma positiva. É muito bom receber esse sentimento de gratidão das pessoas. Vermos que colaboramos para que as pessoas que chegaram aqui não saiam da mesma forma, que encontraram respostas, orientações corretas, acolhimento. Essa atmosfera de serviço, de servir à população me motiva a permanecer.