Denise Sousa Castelo

Assessora de Planejamento e Controle e defensora pública com atuação na Defensoria de Família

“ A Defensoria nos coloca em contato direto com uma realidade que, até então, era distante. Quando nos deparamos com ela de perto, temos a condição de ser agentes de transformação e possibilitar mudanças reais na vida das pessoas.”

Foi em 4 de setembro de 2006 que Denise Sousa Castelo iniciou a caminhada na Defensoria Pública. A primeira parada foi na comarca de Independência, onde apresentou à população local o trabalho da instituição. Desde então, percorreu diferentes núcleos e funções, sempre com a mesma convicção de que a profissão é uma missão.
Hoje titular da 8ª Vara de Família de Fortaleza e atual assessora de planejamento e controle da Defensoria Geral, já atuou no Núcleo do João XXIII e no Núcleo de Petição Inicial, onde permaneceu por três anos. Quase duas décadas depois, segue com o mesmo brilho nos olhos de quem entrou aos 26 anos, acreditando no poder de transformação que a Defensoria exerce na vida de quem precisa.

Defensoria: O que mudou em você desde a sua primeira atuação enquanto defensora pública? Há algum caso, em sua trajetória, que o marcou de forma especial?

Denise: A gente fica muito reflexiva, porque a Defensoria nos coloca em contato direto com uma realidade que, até então era distante para nós. Quando nos deparamos com essa realidade de perto, temos a condição de ser agentes de transformação, de possibilitar uma mudança real na vida das pessoas. Isso é muito engrandecedor. Eu lembro do meu primeiro caso que foi muito marcante. Eu recebi um processo de uma mãe que estava prestes a perder a guarda da filha. Era um caso do interior do Ceará, numa comarca onde ainda não havia Defensoria Pública. Eu fui a primeira defensora a atuar nessa comarca e, naquele momento, estava apresentando a Defensoria para a cidade. Quando eu peguei o processo, percebi que ele estava indo em direção a uma decisão que poderia fazer com que essa mãe perdesse a guarda da filha. Conseguimos reverter a situação, e o mais marcante foi o abraço da criança. Mais do que o abraço da mãe, foi o abraço da criança, que foi tão forte e tão verdadeiro. Ela me disse: “Obrigada, doutora, por eu estar com a minha mãe.” Aquilo foi uma experiência muito intensa, especialmente por ser no interior do Estado, e ficou comigo para sempre. Na época, eu tinha 26 anos, estava recém-ingressa na Defensoria. Então, essa possibilidade de ser agente de transformação me transforma diariamente. Enquanto defensora da família, os casos sempre nos tocam de uma forma muito intensa, sobretudo, quando envolvem violência e abuso contra crianças. As disputas de guarda, especialmente quando estão ligadas à violência de gênero, são extremamente dolorosas. Você percebe, por vezes, muitas vezes, crianças no meio de disputas difíceis e desafiadoras. Esses casos exigem uma atenção especial, tanto do ponto de vista jurídico quanto humano, pois lidamos com situações muito complexas e traumáticas para as vítimas.

Defensoria: O que você deixa de mensagem para a próxima geração de defensores?

Denise: Eu diria para que nunca percam o brilho nos olhos. Que mantenham sempre a paixão e a dedicação pela justiça, porque é isso que nos motiva a seguir em frente, mesmo diante dos desafios. O brilho nos olhos é o que mantém a essência da Defensoria viva e nos lembra por que escolhemos essa missão.

Defensoria: Se pudesse resumir sua história na instituição em uma palavra, qual seria?

Denise: Realização.

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