Alessandra da Silveira Meneses

Colaboradora do Núcleo de Atendimento aos Jovens e Adolescentes em Conflito com a Lei (Nuaja)

“A Defensoria Pública me ensinou o valor do trabalho feito com responsabilidade, empatia e amor. E é por isso que sigo, com orgulho, gratidão e propósito, nessa missão.”

“Bom dia, Defensoria Pública do Ceará. Em que posso ajudar?” A frase marca o início da vida profissional de Alê. Da sala de casa, onde trabalhava como professora de reforço, ela descobriu o que era ser porta de acesso à justiça. As ligações que atendia traziam histórias. Muitas delas, dolorosas, revelando a ausência de direitos. Mesmo sem o contato visual, Alê fazia questão de acolher, para que cada pessoa se sentisse amparada e recebesse as orientações necessárias para sua demanda.

Desde então, foram muitas etapas vividas e experiências adquiridas. Alê teve a oportunidade de conhecer as rotinas de diversos setores, sempre levando consigo a mesma dedicação.

Ao completar 26 anos de jornada, ela escolhe celebrar com o seu sorriso acolhedor, marca registrada de quem acredita que o atendimento humanizado, a escuta atenta e o acolhimento verdadeiro são práticas capazes de transformar vidas.

E é assim que Alê segue, fiel à sua missão: fazer a diferença na vida das pessoas que recorrem à Defensoria Pública.

Defensoria: Como foi seu primeiro dia na Defensoria? O que ficou gravado na memória?

Me chamo Alessandra, mas sou conhecida como Alê Meneses. Em meio a tantos acontecimentos em minha vida, entre momentos de bênçãos recebidas, alegrias, e desafios, Deus me concedeu a graça e a oportunidade de trabalhar como colaboradora terceirizada na Defensoria Pública. Era novembro do ano de 1999 quando tive minha carteira assinada pela primeira vez. Marcando meus passos ainda inseguros no ambiente profissional. A Defensoria Pública foi o meu primeiro emprego. A missão era ser telefonista. Na época, a doutora Nívea era a defensora pública geral. Fui para apenas substituir uma outra colaboradora que estava de licença maternidade. Temerosa com apenas 22 anos, nunca tinha trabalhado efetivamente, só em casa, como professora de reforço escolar. Porém, carregava comigo uma certeza: Deus havia me abençoado. Através do meu serviço, sempre com compromisso e responsabilidade, além da minha alegria, pude e posso colaborar até os dias atuais em um local tão especial. Aqui é assegurado o acesso à justiça  e os direitos e garantias fundamentais aos cidadãos. Nesse dia, ficou gravado em minha memória que eu estaria tendo a oportunidade de fazer parte de uma instituição que promove a dignidade da pessoa humana. Em todos esses anos busco sempre manter a minha alegria. O meu sorriso. Uma forma de contagiar, de fazer a diferença. Hoje, estou com uma assistente de apoio administrativo no atendimento ao público do Núcleo de Atendimento aos Jovens e Adolescentes em Conflito com a Lei (Nuaja).

Defensoria: Em que momento você sentiu que o seu trabalho fazia diferença na vida de alguém?

Foi quando, mesmo em meio aos serviços prestados, participando do coral da Defensoria, realizamos uma apresentação no Núcleo de Petição Inicial (Napi) para o Dia das Mães. Os assistidos ali se alegraram, mesmo estando com suas vulnerabilidades e nós podíamos ver no olhar uma esperança, uma coragem de se abrir para o novo, ouvindo aquelas canções de mãe que nos motiva. Viviam uma experiência nessa conexão humana, aceitando a imperfeição e o risco envolvido, na certeza de que tudo iria se resolver. Outro momento marcante foi durante a pandemia, um período tão difícil para todos nós. Recebi diversas demonstrações de gratidão pelo meu trabalho. Uma assistida, uma mãe, fez questão de formalizar seu agradecimento após o atendimento. Ela queria parabenizar porque se sentiu acolhida e bem atendida, e disse que fomos uma bênção na vida dela e de seu filho.

Esses reconhecimentos dos assistidos e o aprendizado com cada defensor com quem tive a oportunidade de trabalhar foram enriquecedores. Foram determinantes para a minha formação e descoberta profissional.

Ao longo desses 26 anos, já passei por vários setores da Defensoria Pública: Telefonia, Protocolo, Gabinete da Defensoria Pública, Setor de Estágio, CDC/CDI, Núcleo de Ações Coletivas, Defensoria de Família, Segundo Grau e, atualmente, estou no Núcleo de Atendimento aos Jovens e Adolescentes em Conflito com a Lei.

Em todos esses espaços e ao longo de todos esses anos, sempre mantive o compromisso de contribuir com o crescimento e o fortalecimento do serviço prestado pela instituição.

Defensoria: O que te motiva a seguir contribuindo com essa instituição?

Posso dizer que o que me motiva a seguir contribuindo com a Defensoria Pública é saber que posso contar  e ainda contribuir com essa instituição, no qual oferece ajuda jurídica gratuita para pessoas vulnerabilizadas que lutam para terem seus direitos efetivados. Seja o direito à criança e do adolescente, da pessoa idosa, pessoas com questões de saúde, em situação de rua, presa, que precisa de um curador especial, mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar, pessoas. Eu mesma já utilizei os serviços da instituição. Entrei com processo e sou curadora do meu irmão, que é deficiente. Por isso, se você que lê agora e está precisando buscar um desses serviços, você também pode contar com a Defensoria Pública e se você é uma das pessoas que integram essa instituição transformadora nunca esqueça do valor de cada atendimento prestado com dedicação, amor e empatia. Sempre falo que dentro de nós há uma força! Para mim, a força é Deus e do Espírito Santo de Deus que nos fortalece. Por isso, alegria no olhar e o fogo do Espírito Santo de Deus em nossos corações.